Carta de Otimismo à Pecuária

Antônio da Luz - FARSUL

Exonomiata chefe DA FARSUL

“Compre na baixa e venda na alta”. Esse é o mais antigo e o mais clichê de todos os ensinamentos que se aprende sobre mercados, dada a sua gigantesca obviedade. Mas não subestime a sentença, pois se a sabedoria não está nela em si, muitas reflexões e aprendizados são possíveis ao examinarmos o porquê das pessoas, em geral, não seguirem algo tão ululante.

O grande “segredo” das pessoas que têm sucesso na comercialização de seus produtos é que elas não têm nenhum segredo, simplesmente fazem o óbvio. O segredo está na resiliência, no estômago, na robustez analítica e na diligente aplicação da estratégia. Ou seja, o segredo é não se entusiasmar demais quando o ciclo é bom e nem ser tomado por uma depressão quando o ciclo é ruim.

Todo mundo sabe que para se ter sucesso na comercialização seja do que for temos que comprar na baixa e vender na alta, mas quando as oportunidades chegam, geralmente as pessoas fazem o contrário. A imensa maioria dos casos malsucedidos ocorre porque quando as coisas estão muito boas as pessoas são tomadas de um imenso otimismo que as leva a tomarem decisões equivocadas, compram demais a preços elevados. Quando as coisas viram, por outro lado, são levadas por um extremo pessimismo, um sentimento derrotista e de pânico, o que as move a comprar pouco ou nada. Isso que há aquelas que resolvem vender tudo o que tem “antes que piore mais”.

Os preços nunca estarão baixos quando todos estiverem otimistas e nunca estarão altos se a maioria estiver pessimista, logo, para fazer o óbvio, que é comprar na baixa e vender na alta, tem que se ter discernimento e estratégia, para comprar quando todos estão pessimistas e vender quando todos acham que o setor é um paraíso.

Por fim, pecuarista, resta pouco a lhe dizer sobre esta atividade que está aí antes do Brasil ser uma república e que tem uma sazonalidade monótona de tão previsível: a medida do seu entusiasmo com o setor revela as suas margens futuras. Enquanto tem gente chorando, há outros vendendo lenços.

Fernando Cardoso - Embrapa

Méd. Vet., PhD, Fernando Flores Cardoso Pesquisador e Chefe Geral da Embrapa Pecuária Sul

Perspectivas para o negócio pecuária de corte: hora da queixa ou da ação?

Frequentemente analisamos um negócio com uma visão focada estritamente no curto prazo. Contudo, nessa perspectiva imediatista não é possível tomar as melhores decisões estratégicas para uma atividade econômica. Observando os atuais preços de mercado de todas as categorias de bovinos de corte, relativamente mais baixos, especialmente se comparados aos valores observados durante os anos de pandemia, muitos produtores ficam desanimados, reduzindo seus rebanhos e investimentos. Esse comportamento adotado coletivamente por um grupo representativo de produtores, num primeiro momento, satura um mercado já deprimido com superoferta de animais, derrubando ainda mais os preços. Na sequência, o abate de fêmeas, a redução de rebanhos e a desaceleração dos sistemas de produção vão refletir em menores ofertas futuras de animais para reposição e abate, elevando novamente os preços pela lei da oferta e demanda. Isso caracteriza o bem conhecido ciclo pecuário.

Nós sabemos que os bovinos, assim como os demais ruminantes, são capazes de converter as fibras das pastagens, que são indigeríveis para nós humanos, em alimentos altamente densos em nutrientes, especialmente proteínas, aminoácidos essenciais, ácidos graxos, minerais e vitaminas. Além de garantir dietas saudáveis, a pecuária tem a capacidade de fazer isso enquanto conserva os ecossistemas onde é praticada. Vastas áreas de vegetações campestres em todos os continentes dependem do pastejo para sua conservação. Em muitas delas, não agricultáveis, a pecuária é a principal atividade econômica e o sustento para milhões de famílias que vivem no campo. E mesmo em terras favoráveis para a agricultura, resultados de pesquisa e de sistemas de produção tem demonstrado que a integração com a pecuária e a rotação com pastagens são estratégias fundamentais para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, pela ciclagem de nutrientes, promoção da vida do solo e estrutura do solo, redução do uso de insumos e de riscos pela diversificação. Com tudo isso posto, é seguro afirmar que a pecuária terá vida longa, garantida como atividade econômica duradoura para as próximas gerações.

Não obstante, é compreensível que o(a) leitor(a) esteja se questionando sobre o agora, certo o futuro pode ser promissor, mas o que eu faço diante da realidade atual. Acompanho a criação de bovinos de corte há bastante tempo e isso me permite evocar um dizer antigo, dos nossos avós, o qual afirmava que em tempo de crise existem as melhores oportunidades para crescer no negócio pecuário. Para isso é preciso se colocar no sentido oposto do movimento coletivo apontado inicialmente, fazer investimentos estratégicos, qualificar os processos produtivos, aumentar a eficiência no uso dos recursos e investir em genética superior para, desta forma, estar preparado com uma produção qualificada e em quantidade para atender um mercado novamente ávido e bom pagador que estará logo ali na frente. Devemos “apertar os cintos” e vender o mínimo possível nesses momentos de baixa, manter estoques mais altos e estar pronto para desfrutar o ciclo de alta vindouro. Temos, neste momento, sinais que o ciclo de baixa está estabilizado em 2023 com provável reversão para nova alta de preço a se consolidar em 2024; portanto, está mais que na hora de agir.

Para finalizar esta reflexão, reforço um ponto já mencionado acima, o qual me é muito caro pela minha formação e linha de pesquisa em que atuo. São nesses momentos críticos que existem as  grandes oportunidades para melhorar a qualidade genética dos rebanhos com investimentos relativamente menos elevados. Definam de forma criteriosa os objetivos para melhoria dos seus rebanhos, pois teremos logo a frente mais uma safra de leilões de primavera, onde encontrarão touros e matrizes com avaliações genéticas superiores em características que atendam essas necessidades de melhoria nos seus rebanhos, e que provavelmente poderão ser adquiridos com valores mais acessíveis na relação de troca por kg de bezerro. Então, minha sugestão e resposta para a pergunta no título é: não vamos nos queixar, até porque de nada adianta, vamos agir e sermos protagonistas de um futuro melhor para o nosso negócio, a nossa atividade econômica, e para muitos, melhorar o nosso modo de vida. Sim, ser pecuarista, mais que uma atividade econômica, é um modo de vida.

Fernando Velloso - Dimas e Veloso

Med. Vet. Fernando Furtado Velloso Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha - CRIO Central Genética Bovina Produtor em Santana do Livramento (e aumentando o rebanho de cria)

2023: o ano para entourar mais vacas

Se acompanhamos e acreditamos na existência do CICLO PECUÁRIO, estamos exatamente no ano para aumentar os rebanhos de cria.

Nesta primavera 2023 é momento exato para colocarmos mais fêmeas em reprodução. Prepare-se para entourar ou fazer IATF de mais animais nesta temporada.

Porque? Simplesmente porque é o ano para adquirir fêmeas de reposição por valores baixos (atuais) e preparar-se para vender mais terneiros com grande valorização em 2025. São diversos os analistas e empresas de consultoria que estão prevendo o mesmo: que o preço do terneiro estará entre 1,8 a 2,2 vezes maior em 2025. A afirmativa deles é baseada somente no acompanhamento do comportamento do CICLO PECUÁRIO. Estamos em fase de baixa e, espera-se, que na fase final dela, e ingressando em fase de retomada ou preparo de fase de alta. É a história que se repete.

O terneiro que será vendido em 2025 tem que ser produzido agora. Imagine produzir 50% mais terneiros e vende-los por preço 80% maior que hoje? Em conta simples 1,5 x 1,8 = resultado 2,7 maior com a decisão de produzir 50% a mais de terneiros. Não me parece nada mal.

2023 também será o ano para adquirir reprodutores e/ou sêmen em ótima condição comercial, pois o comprador está do lado mais forte nesse momento. Aproveite. Use desse momento para ser criterioso e adquira touros ou sêmen com alto padrão de exigência por valores muito favoráveis ao comprador.

Cada produtor sabe de suas finanças, fluxo de caixa e compromissos. Cada produtor sabe das condições de seus campos e pastagens. Analise. Faça as suas contas. Tome a suas decisões e considere fortemente aumentar o seu rebanho de cria. Está em tempo.

Em 2025 nos vemos.

Julio Barcelos - Nespro UFRGS

Prof. Júlio Barcellos, Med. Vet., PhD, Prof. Titular do Dep. de Zootecnia da Faculdade de Agronomia da UFRGS – Coordenador do NESPro. Instagram: julio_o_barcellos

UMA PERCEPÇÃO SOBRE A CONJUNTURA DA BOVINOCULTURA DE CORTE E AS PERSPECTIVAS

É notório que a bovinocultura de corte, na conjuntura atual, está passando por uma crise de preços pagos ao pecuarista, pois basicamente todas as categorias tiveram reduções nos últimos 12 meses. Da categoria “boi gordo” ao “terneiro”, houve uma queda de aproximadamente 20 a 40%, respectivamente. Isso carrega uma percepção pessimista e pode, inclusive, restringir os avanços tecnológicos e de produtividade que vinham sendo obtidos nos últimos anos. No entanto, o sentimento de pessimismo, na maioria das vezes, é pelo entendimento equivocado do que está acontecendo, além de induzir para um olhar negativo para o futuro. Sobre esta situação, e com base nas minhas percepções, a partir de praticamente 40 anos de estudos sobre a atividade, faço alguns apontamentos, no sentido de não “tapar o sol com a peneira”, mas alertar, especialmente aos pecuaristas do que está acontecendo e o que podemos esperar num futuro muito próximo.

A pecuária de corte é uma atividade em que seu ciclo dura 1000 dias, desde a programação do acasalamento até o boi ir ao abate. Por essa razão, prever resultados de curto prazo é um pouco irresponsável por parte de qualquer analista. O “botão” que apertamos hoje, definindo a escolha de um touro, a efetivação do entoure, até o produto – o terneiro desmamado – ir ao mercado, passaram-se, no mínimo, 470 dias. Assim, o que ocorrerá daqui a 470 dias é decorrente de sinais do mercado, da oferta de gado, de mudanças na sociedade, que inclusive podem ocorrer de forma muito rápida e da economia. Todos, são elementos de difícil previsão. Mas eu analiso basicamente frente a elementos mais pragmáticos e razoáveis. Em primeiro lugar, não existe qualquer evidência de que o consumo de carne diminuirá, ao contrário, as economias em desenvolvimento estão com seus níveis de consumo de carne bovina muito baixo, e por questões de estabilidade política e da inflação, os governos dessas nações vão melhorar a renda dos consumidores. De outra parte a oferta de gado nos próximos anos já está marcadamente reduzida, pois menos tecnologia na cria neste momento e o elevado abate de matrizes, já resultarão na falta de terneiros daqui os 470 dias. Então, é crível dizer que unicamente com os dois fatores básicos de demanda e oferta, já temos uma perspectiva animadora para a pecuária.

A partir desta modesta análise, quero trazer um elemento do negócio que está associado à produção e a produtividade. Trata-se do custo fixo, como a mão de obra, impostos, instalações, custo de oportunidade da terra, entre outros, que tem uma participação significativa no custo total de produção. Portanto, se o pecuarista “meter o pé no freio” e reduzir a produção, com menor eficiência por animal, seu custo final vai ser maior, pois o custo fixo será dividido por menos quilogramas de animais e aumentará o seu peso no custo de produção. Portanto, é uma lógica já compreendida pelos agricultores, mesmo quando o preço está baixo, eles não reduzem a tecnologia para não comprometer a produção. Assim, não é hora do pessimismo e da marcha ré, pois toda vez que damos um passo atrás, necessitamos dar dois passos para nos colocar à frente. Ou seja, é mais eficiente seguirmos caminhando. Por fim, destaco que a moderação e o pragmatismo do pecuarista, em cada atitude ou tomada de decisão por parte do peuarista, sejam importantes em qualquer conjuntura, e nesta não é diferente. Recomendo investir na cria, pois o seu produto será colhido no momento da onda positiva do ciclo pecuário e de menor oferta de gado. Isto começará a ocorrer na inversão do ciclo, da baixa para alta nos preços, e que serão sentidas no primeiro semestre de 2024. Não aposte, seja realista e entenda meus apontamentos. Siga investindo na cria, não invista em imobilizado, potencialize a produção aumentando lotação da fazenda e aumentando o ganho diário de peso de cada animal. Estes princípios sempre serão úteis, com preços baixos ou com preços altos.

Rodrigo Albuquerque - Notícias Du Front

O realismo esperançoso

Nos últimos meses o estado anímico do produtor rural brasileiro caiu no limbo. Além dos preços em franco declínio, a situação política do nosso país pesou bastante, dentre outros fatores. Pude ver isso presencialmente em palestras que fiz nas últimas quinzenas em vários estados, a saber: MT, MS, PA, RO, GO, AC e MA.

Não vendo ilusões, portanto, sou o primeiro a reconhecer que a situação de 2023 não está fácil, de fato. Mas, trago uma reflexão salutar: ficar sintonizado num clima de “fim de mundo”, de desesperança absoluta total, de desânimo absurdo, será que ajuda em algo?

Ou será que não seria melhor reconhecer as dificuldades, mas ao mesmo tempo sintonizar no aprendizado que essas dificuldades entregam e sobretudo nas oportunidades que toda crise carreia?

A crise de preços das commodities agrícolas de 2023 não é a primeira, tão pouco será a última.

Preços derivam da eterna lei de oferta/demanda. O ciclo pecuário está em pleno curso ao entregar cerca de 4.8% a mais de animais abatidos no primeiro trimestre de 2023, frente ao mesmo período de 2022, nos números do IBGE.

Dissecando mais essa informação, vemos que o aumento de abates de bovinos foi devido basicamente ao aumento de oferta de fêmeas, visto que enviamos 17.9% a mais de novilhas/vacas para os frigoríficos.

Isso se deu devido ao profundo desestímulo e decepção dos criadores com os preços dos bezerros durante 2022, ano que ostentou queda muito relevante de valores, ao ponto de esse ano passado ter sido o primeiro em duas décadas, em que o número de protocolos de IATF comercializados no Brasil retrocedeu frente ao ano anterior. Além disso, vimos uma queda grande no número de doses de sêmen comercializadas (redução de 9.6% – dados do VRA, FMVZ/USP, Asbia). Todo esse desânimo gerado pela redução relevante da margem da cria no ano passado, fez aumentar o número de abate de vacas/novilhas no ano corrente.

E toda vez que a oferta de fêmeas ao abate aumenta, principalmente em momentos em que as demandas interna e externa não estão pujantes (como agora), os preços da arroba sentem muito fortemente. Foi assim em 2017. Está sendo assim em 2023. Poderá ser assim em 2028. O número de anos do intervalo entre as crises de preços pode mudar, mas fica entre 4 a 7…

Contudo, lembremos! De outra sorte, depois do sangue da curva de preços de 2017, vieram os anos dourados de 2019/2021, com altas vertiginosas (no gado de reposição e no gado gordo). Mais ainda: depois do sangue de 2023, deveremos ver os anos dourados de 2025/2026, os quais, se Deus quiser e o ciclo pecuário permitir, oferecerão curvas de preços fortemente construtivas.

Essa alternância de fases ocorre porque anos de forte abate são sucedidos por anos de forte retenção de fêmeas. Assim sempre foi, assim sempre será, mesmo em países em que a tecnologia produtiva é superior à nossa, como é o caso dos EUA (há estudos de ciclo pecuário de longíssima data por lá).

E isso ocorre por um simples motivo: os produtores fazem as suas tomadas de decisão pensando nos preços do retrovisor. Deveriam fazê-lo com base dos preços no para-brisa (previsões futuras)! Funciona assim: quando o bezerro atinge R$ 3.000,00, melhorando a margem da cria, a maioria dos criadores seguram as suas fêmeas para no ano seguinte colher um bezerro de R$ 3.400,00 (essa é a expectativa corrente na mente da maioria). Da mesma forma, que, ao cair de R$ 3.000,00 para R$ 2.000,00, a maioria dos criadores, por sentir perda relevante de margem, decide reduzir o plantel de fêmeas abrupta e imediatamente. Essa oscilação “no amor da vaca”, determina o destino dos preços. Deu para perceber que a coisa é cíclica, ao sabor da vontade do criador abater ou não as suas novilhas/vacas? A vaca é quem manda no preço do boi, como diz o Rogério Goulart.

Mas então é só entender o ciclo pecuário que dominaremos a flutuação dos preços dos bovinos? Antes fosse… Claro, o ciclo é fundamental, digo que ele é a alma da tendência de preços da pecuária. Mas, fatores como política, clima, preços de proteínas concorrentes (frangos, suínos, ovos), preço de insumos agropecuários (incluso o próprio milho e soja), e a economia do mercado interno e externo são atores fundamentais. E por fim, para um país que exporta quase 30% da sua produção de carne bovina, as questões relacionadas à sanidade animal/habilitações e acordo comerciais tem tido relevância fundamental para a volatilidade dos preços.

Em resumo, estamos diante da 3ª revolução do agro, a qual nos mostra, às duras penas, que ter alta produtividade não basta, temos que aliar produção ao domínio pleno da gestão dos números e a um aumento do conhecimento de mercado dos produtos que produzimos. Devemos aliar excelência zootécnica/agrícola à excelência financeiro, amalgamando gestão interna da propriedade e conhecimento de mercado, em especial gestão de risco de preços. Enquanto não entendermos isso, as crises serão cada vez mais dolorosas, pois a volatilidade bate recordes.

Portanto, sabedores de tudo isso, ao invés de mergulhar no abismo do pessimismo, que inunda os aplicativos de mensagens dos grupos de produtores rurais, não seria mais interessante dissecar e entender as forças de oferta/demanda que regem os preços futuros dos produtos que arduamente produzimos e evoluirmos como produtores?

A agropecuária é um convite impositivo à sua própria evolução, como gestor.

E se todo esse entendimento não existia previamente e, portanto, não foi suficiente para amenizar essa crise, desejo que ele seja abundante quando a próxima chegar, lá para meados de 2028, provavelmente!

Aliás, a gente vai ficando velho e vai tendo cada vez mais a mania de dar conselhos… E se eu pudesse dar conselhos para os agropecuaristas (incluso a mim), eu daria apenas três, a saber: faça o básico muito bem-feito; tome decisões em cima de números; esteja preparado para os anos ruins, ou seja, tenha um caixa de emergência, porque, nas crises, ninguém tem dó de ninguém!

E, finalmente, para quebrar a inércia do pessimismo, sugiro estarmos carregamos de um realismo esperançoso, nas palavras do mestre do podcast Café Brasil, Luciano Pires: “Ter uma visão otimista da realidade é benéfica porque contribui para o bem-estar emocional, fortalece a resiliência, melhora a saúde física, promove relacionamentos positivos e aumenta a autoconfiança e a motivação. É isso que faz o otimismo que nos ajuda a enfrentar desafios com uma atitude positiva e aproveitar as oportunidades da vida. Mas cara, como é que faz para ser um otimista sem ser um otário, hein?”. Para a resposta, recomendo o podcast a seguir:

Café Brasil 879 – O Realismo esperançoso

https://portalcafebrasil.com.br/cafe-brasil-879-realismo-esperancoso/

Esse cafezinho, como sempre, é ótimo para o momento!

Maurício Velloso

O FIM DA PECUÁRIA - a reprise -

A pecuária é uma paixão,  não há como negar essa condição. E, sendo paixão,  muitas vezes o que a move são sentimentos irracionais, emotivos ou passionais. Dessa forma,  quando a arroba sobe, a euforia coletiva domina a cena, o pecuarista “segura o boi” e os valores da reposição explodem, na crença absoluta que o céu é o limite. O inverso é também verdade e, quando, previsivelmente, a arroba despenca,  o desespero geral toma conta e instala-se a “Síndrome do fim da pecuária”, acelerando a derrubada da @ e da reposição. Esse tem sido o comportamento “de manada” de grande parte da nação pecuária – em 2005/6, 2012/13, 2018/19 e agora –  com prejuízos óbvios e choradeira idem. Compram quando deviam vender e vendem quando deviam comprar, posição “do lado errado do mercado”. Sim, é muito ruim ter que realizar prejuízo,  perder dinheiro. Pior do que isso, somente insistir na perda, aumentando ainda mais o prejuízo.  Ou seja, continuar torcendo contra a realidade do mercado. Melhor parar, respirar fundo e agir. Como? Temos, em qualquer circunstância,   duas únicas formas:  pelo melhor lucro ou pelo menor prejuízo. Portanto avaliar o mercado e suas tendências é imperativo. Tenho sugerido a leitura diária dos bons boletins disponíveis. Nenhum deles dirá qual o dia e a hora de comprar ou vender. Porém,  todos eles, com pequenas variações,  irão evidenciar o momento do Ciclo Pecuário e a tendência do mercado. E ela, a tendência, é nossa amiga; já a torcida, é a nossa pior inimiga. O Rogério Goulart, na sua Carta Pecuária, pondera sempre: ” Se você está torcendo contra o mercado, provavelmente está do lado errado”. Dessa forma, atentando para o cenário atual, de mudança  no Ciclo Pecuário, de queda para recuperação, ressalto as seguintes oportunidades: 1. A reposição  está  com valores convidativos recorde; 2. Os bezerros/as adquiridos hoje estarão prontos ao abate daqui a 14/18 meses, num cenário promissor de preços; 3. A cria da vaca ou novilha emprenhada nessa próxima estação de monta irá ser desmamada ao redor de abril/maio de 2025, provável momento de altos preços  do Ciclo Pecuário; 4. Qualidade sempre tem mercado, e acima da mercadoria comum ou medíocre; 5. Sêmem e touros de repasse devem ser os melhores, não os mais baratos; 6. O que faz a nossa pecuária competitiva são as @ (ou crias) obtidas À PASTO. Portanto, seja um excepcional técnico em pastejo e colheita de forragem para reserva (silagem/feno); 7. Escreva (e cumpra) os objetivos e o manejo estratégico para o seu rebanho; 8. Avalie diariamente se as metas pretendidas estão sendo alcançadas. Se necessário (muitas vezes é!), revise o projeto adequando-o às novas tendências; 9. Tenha um “caixa-oportunidade” e aprenda a usar as ferramentas de hedge. Terminando,  quero relembrar uma lição, bastante útil nesse momento, do saudoso Amador Aguiar: “Bancos ganham dinheiro sempre, exceto nas crises, quando então ganham muito dinheiro “. Que essa possa ser a melhor crise da sua vida!

Vinícius Lampert - Embrapa

Por Vinicius do Nascimento Lampert – Pesquisador da Embrapa Pecuária Sul – Bagé/RS (trechos da palestra apresentada em Dom Pedrito-RS no evento Pampa em Evolução em 16/05/2023.

É hora ou não de sair da cria: o que podemos aprender com o ciclo pecuário?

  • A pecuária está em crise? As pressões por questões ambientais, de bem-estar animal, fontes alternativas de proteína são exemplos que evidenciam a resiliência da pecuária;
  • A natureza foi criada a fim de se comportar em estações e ciclos. As estações do ano, o ciclo lunar, os períodos de chuva e estiagem são alguns exemplos;
  • E na pecuária temos eventos que se repetem, de tempos em tempos, um deles é o ciclo pecuário;
  • O ciclo pecuário apresenta fases de alta e baixa nos preços do boi gordo onde a produção de terneiros, o abate de fêmeas e seus respectivos preços se relacionam em intervalos de 5-6 anos formando o ciclo pecuário;
  • Conhecer o ciclo pecuário pode contribuir com a tomada de decisão, melhoria da gestão e aumento da lucratividade da fazenda;
  • As taxas de abates de fêmeas têm batido recordes em muitas regiões do país;
  • A hipótese para o sinal da retomada do ciclo de alta do boi gordo é que esta retomada ocorrerá no mesmo ano que o abate de fêmeas começar a diminuir. Desta forma, espera-se que a elevação de preço ocorra a partir de 2024 com pico do preço em 2026;
  • Resumo da ópera: “Os novilhos comercializados na próxima alta do preço do boi gordo serão os filhos das matrizes acasaladas em 2023”;
  • Existem muitas lições que podemos aprender com o ciclo pecuário, seguem algumas delas:

1º) O produtor que não conhece ou não entende o ciclo pecuária navega sempre na contramão do ciclo;

2º) Estamos passando por uma oportunidade de aprendizado e melhoria na gestão da fazenda.

3º) É hora de investir na cria: preços baixos nas categorias de reposição, inclusive matrizes e touros;

Antônio Chaker - Instituto Inttegra

@antonio_chaker

Sua fazenda vai jogar no ataque ou na defesa?

Sempre que converso com pecuaristas mais experientes eles destacam a grande certeza dos negócios: “Tudo que está muito bom, saiba que vai piorar, e tudo que está muito ruim, vai melhorar.” Fica claro que os preços agropecuários seguem um padrão conhecido como ciclo pecuário.

O ciclo ocorre em um período de aproximadamente 4 anos e consiste em oscilações de alta e baixa nos preços. Ele se inicia com períodos de preços elevados, quando a demanda supera a oferta e os preços aumentam, incentivando os produtores a aumentarem sua produção. Esse aumento na produção resulta em uma oferta maior, o que pode levar a períodos de preços baixos.

Durante essas fases, alguns pecuaristas podem reduzir sua produção, diminuindo assim a oferta e eventualmente levando a uma recuperação dos preços. Na prática, o ciclo funciona da seguinte forma: quando o preço dos bezerros está alto, os pecuaristas retêm as matrizes para reprodução, resultando em uma menor quantidade de carne disponível para o abate e, consequentemente, em uma alta nos preços. Com a reprodução das matrizes, a oferta de bezerros aumenta, o que acaba por reduzir o preço desses animais. Nesse momento, a criação de bezerros se torna menos atrativa, levando ao aumento do descarte de vacas, além do direcionamento das novilhas para a engorda e o abate. Com a maior oferta de carne nos frigoríficos, o preço da carne cai.

Portanto, esse é o funcionamento do ciclo pecuário. É interessante observar que, nos últimos 29 anos, desde a estabilização da moeda em 1994, apenas em 6 ocasiões o valor final da cotação da arroba do boi foi menor do que o valor inicial.

Na figura acima fica é evidente que a safra 2022/2023 registrou a maior redução da história nos preços pecuários, resultando em uma queda na cotação da @ do boi gordo superior a 20% entre o início e o final do período (1/7/22 a 30/6/23). Esse movimento teve um impacto significativo em nossos orçamentos e também em nossa motivação. Para atingir o mesmo faturamento previsto, agora é necessário vender 30% ou mais de animais, especialmente devido à queda ainda mais acentuada na cotação do bezerro. Confesso que me preocupo mais com o impacto emocional do que com o aspecto orçamentário, e gostaria de abordá-lo um pouco mais.

A vida e os negócios são um constante fluxo de desafios e obstáculos que testam nossa resiliência e determinação. Enfrentar grandes desafios requer mais do que apenas força; exige uma combinação de sabedoria e atitude. Ter sabedoria significa possuir conhecimento e discernimento para tomar decisões sábias, enquanto a atitude é o motor que impulsiona nossa determinação e perseverança. Quando esses dois elementos se unem, somos capazes de superar as adversidades mais difíceis que a vida nos apresenta.

A sabedoria é adquirida por meio de experiências, estudo e reflexão, ou seja, nestes momentos do ciclo, temos muito em aprender. Através do conhecimento, somos capazes de enxergar além das aparências e compreender as causas e consequências de nossas ações. Além disso, a sabedoria nos permite aprender com os erros e nos tornar mais resilientes diante das dificuldades.

No entanto, a sabedoria por si só não é suficiente para superar grandes desafios. É preciso ter a atitude certa, a motivação interna que nos impulsiona a agir. A atitude é a chama que mantém a determinação acesa, mesmo quando tudo parece desfavorável. É a capacidade de enfrentar o medo e a incerteza, e seguir em frente apesar das dificuldades.

Ter atitude significa encarar os desafios como oportunidades de crescimento e aprendizado. Em vez de se sentir derrotado diante das adversidades, é preciso ver cada obstáculo como uma chance de se superar. A atitude positiva nos permite encontrar soluções criativas, buscar alternativas e persistir diante dos fracassos temporários.

A combinação de sabedoria e atitude nos capacita a desenvolver estratégias eficazes para lidar com os desafios. A sabedoria nos dá a clareza para identificar as melhores opções, enquanto a atitude nos dá a energia para colocá-las em prática. É como ter uma bússola e uma fonte inesgotável de força interior que nos guiam através dos momentos mais difíceis.

Diante desses momentos desafiadores, é essencial tomar medidas importantes: adotar uma postura ofensiva e defensiva. Jogar no ataque significa aproveitar o momento de baixa para expandir nosso rebanho. Sabemos que, quando os preços pecuários atingem o ponto mais baixo e sofrem um aumento desproporcional, em média, a cotação pode aumentar de 1,8 a 2,2 vezes para boi gordo e bezerro. Estamos falando de um boi gordo que pode superar os R$400/@ e o quilo vivo do bezerro que pode ultrapassar os R$20/kg. Em outras palavras, aqueles que tiverem as condições necessárias para crescer nesse momento estarão alcançando níveis recordes de rentabilidade. É claro que, para isso, precisamos contar com os 3 C’s: Caixa, comida e conhecimento.

Nem todas as fazendas podem jogar no ataque, mas todas devem estabelecer uma ótima defesa. Se defender é gastar menos por kg produzido. Observe bem, não falei apenas gastar menos e sim menos por quilo. Isso se faz com melhoria de processos e racionalização de custos indiretos e investimentos não incidentes sobre a produção. 

Estatisticamente para responder a R$ 100 de redução no custo da @ devemos ampliar nosso GMD em 82,6 gramas/dia, reduzir o desembolso em R$ 10,46 e ampliar a lotação em 0,3 UA/ha. Estes três elementos são possíveis com capricho no manejo de pastagens, ajuste na estratégia alimentar, cuidado sanitário, além é claro com uma equipe motivada que está disposta a enfrentar a fase passageira com sabedoria.

Temos uma grande oportunidade de jogarmos no ataque e batermos recordes de rentabilidade. Precisamos de uma boa dose de conhecimento, caixa, atitude e comida. Caso não possa aproveitar a oportunidade de crescer o rebanho hoje, cresça o grau de consciência e esteja preparado para a próxima virada de ciclo, afinal tudo que está ruim vai melhorar e vice-versa.

Como disse o grande filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard: “A vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas só pode ser vivida olhando para frente”.   

Rodrigo Patussi - Terra Desenvolvimento

A quem diga que as principais funções de um gestor é tomar decisão e garantir que as mesmas, sejam executadas com qualidade. Acredito que ao longo dos meus mais de 20 anos de carreira profissional, nunca isso foi tão verdadeiro para os decisores da pecuária. Naturalmente o que queremos é tomar as decisões certas, que estejam alinhadas com o propósito da nossa empresa e os anseios dos acionistas. Para isso é determinante a “segurança”.  O que é segurança, no entanto? como definição segurança é: “estado, qualidade ou condição de quem ou do que está livre de perigos, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação em que nada há a temer.

“Livre de perigos, certeza, riscos mitigados e nada a temer” seria excelente para qualquer momento de decisão, porém, quase nunca é o que gestores sentem nos momentos decisivos. Nos últimos meses, o agronegócio como um todo, passar justamente pelo oposto de tudo isso. Cenário macroeconômico, ciclo da pecuária, baixa nas comodities de maneira geral, incertezas climáticas, reformas federais, tudo no mesmo momento, trazendo um clima de pessimismo e muitas vezes prejudicando de forma sistêmica toda a cadeia produtiva.  Contra fatos não há argumentos e sim, passamos por um ciclo de baixa na pecuária, no entanto quais escolhas temos? Como reagir a esses “estímulos”? Qual a leitura correta ou prismas nesse momento?

Mais do que as respostas, as mudanças vem, das perguntas certas no momento oportuno. E esse momento chegou. Ao analisarmos o ciclo pecuário, tido por muitos analistas como o grande responsável pela formação de preço na pecuária, notamos que chegamos ou estamos próximos ao limite de baixa do ciclo. Tomando como verdadeira essa informação temos duas possibilidades práticas: a mais simples que é questionar a atividade, fazer cortes orçamentários que podem influenciar negativamente na produção, desanimar e não manter as rotinas gerenciais necessárias para monitorar a atividade e colocar a culpa em alguém ou assumir as rédeas da empresa, se debruçar sobre o caixa “dinheiro” e caixa “comida”, monitorar a atividade com muito mais precisão afim de buscar excelência nos processos e consequente produção com menos recurso, usar o “melhor” preço ao invés de arriscar em busca do “maior” e principalmente aproveitar as oportunidades que surgem nesse momento.

Em um evento de empresários urbanos escutei que “a gênese do fracasso é o sucesso contínuo” o que me vez refletir sobre os últimos anos da pecuária. Será que momentos de desafio não vem para nos tirar da zona de conforto, e de alguma forma estimular nossa criatividade em busca de soluções antes, nos tempos de fartura, não considerada?

Mesmo nas safras passadas, os números já nos mostravam que o “sucesso na atividade pecuária vinha de menos recursos e mais processos” ou seja, é evidente a necessidade de se produzir gastando menos e buscando margem. Margem essa que torna a empresa mais competitiva pois serve como amortecedor para os solavancos do mercado.

O momento claramente é oportuno para aqueles que conseguem apartar o cinto dos custos, usufruir da estruturação produtiva realizada nas safras passadas e com a equipe treinada, aumentar seu rebanho e a capacidade geradora de caixa da atividade, para na virada do clico, que virá, aproveitar e surfar a onda de alta.

O fato é que para isso nem todos estão preparados, porém ainda há tempo. Alinhar os três caixas: dinheiro, gado e pasto é o caminho para potencializar nosso negócio e garantir sua perpetuidade.

O cavalo está passando arriado e será montado por aqueles que fizeram e fazem o dever de casa. Felizmente esses são a maioria dos produtores. Isso não é um achismo ou simples frase de um entusiasta, mas sim a leitura de fatos. Somos a maior potência agropecuária do mundo e quem seriam os responsáveis se não os produtores que aqui estão. Somos a maior oportunidade do agronegócio mundial, somos produtores brasileiros. Os mais competentes e resilientes do planeta.

Neto Prado

Talvez você tenha começado assim na pecuária. Algumas cabeças de gado num pedaço de pasto, um pouco de farelo de milho guardado com muita vontade de vencer e fazer a coisa dar certo. A coragem sempre esteve presente. Problemas financeiros, boi na baixa, cigarrinha no pasto, período de seca, nada disso passou pela cabeça de quem sonhou em lidar com gado, viver disso e passar essa paixão para os filhos. Independente de acreditar ou não, existem muitas coisas que afetam nossa fazenda e muita gente chama isso de fatores externos. Nem eu nem você conseguimos determinar preço praticado pelos frigoríficos, preços das carnes nas gôndolas, demanda do consumidor, preço de insumos, quantidade de chuva que vai cair, mas tudo isso impacta diretamente no nosso bolso e no nosso sonho. O que realmente podemos e devemos melhorar a cada dia é o que está da porteira para dentro. Lidar com o gado, manejar pasto, cuidar da lotação, da nutrição, ver os animais ganhando peso, é isso que faz brilhar nossos olhos pela pecuária e faz milhares de pecuaristas levantarem cedo todos os dias. Na minha opinião, o segredo de ganhar com pecuária mesmo nas piores épocas, está no controle do custo por @ produzida dentro da fazenda, algo que aumenta teu lucro. Produzir @ a R$150, R$170, te mantém no jogo mesmo com o mercado em baixa! Ninguém mergulha num rio sem conhecer. Da mesma forma, ninguém reduz custo e aumenta lucro sem dominar os números. Separar e reduzir o custo produtivo dos animais primeiro e depois aumentar os esforços para crescer a produtividade (porteira adentro) e aumentar o lucro por arroba produzida. Reduzir a quantidade de alimento para o gado não é economizar, se você não planejou a dieta da forma ideal o prejuízo é garantido. Por outro lado, investir nas áreas corretas faz teu animal adquirir todo o substrato necessário para a produção de carcaça (seja a pasto ou confinado), o que dá retorno de verdade para o produtor. Ajustar o custo por @ produzida já vai te fazer ganhar mais dinheiro mesmo no período de baixa. Se você aproveitar agora para investir em conhecimento para profissionalizar ainda mais sua fazenda, vai cruzar o período de vacas magras com ensinamentos que te farão prosperar ainda mais no período de vacas gordas, aumentando seu lucro. Saiba que você não está sozinho, produtor! A pecuária de corte brasileira é a maior do mundo e vamos continuar no topo enquanto nossos sonhos estiverem vivos. Conte sempre comigo.

Eduardo Madruga - DSM Tortuga

Gerente Técnico Regional Corte Tortuga, uma Marca DSM.

A pecuária em 2023 tem uma grande oportunidade quando comparada a 2022…

Um menor custo de produção, mas muito mais impactante que os 20% de redução do preço do gado gordo…

Quando falamos de custo de produção do kg de carne ou de @ produzida, esse ano, quando nós nos referimos a custo (desembolso/ha) de dessecante, adubo, ureia e suplementação principalmente… temos uma redução de 44 a 47% no valor do hectare, ou seja, mesmo com 20% em média mais barato o gado gordo no mercado o produtor rural tem como de forma eficiente obter maior margem líquida do seu hectare ou alqueire, e, por consequência do seu sistema.

Investimentos em insumos certos, para uma maior verticalização do sistema, leva para uma maior produção de pasto e maior taxa de lotação e maior produção de carne por hectare a um menor custo, aliás bem menor quando comparado a 2022.

Daniel Barros - Supra

Produtor Rural – Med Veterinário

A pecuária possui algumas características muito próprias do negócio, e entre elas, está a pouca quantidade de produtores que fazem avaliação financeira da atividade. A dificuldade de enxergar o resultado econômico faz com que o produtor tenha foco unicamente no preço de venda dos seus produtos. O resultado econômico é muito mais que somente o preço de venda, pois levamos em consideração os custos de produção e variações no estoque do gado.

A partir de 2021 observamos uma forte redução no preço do boi gordo em função da fase de baixa do ciclo pecuário e redução do consumo interno. Propriedades de cria e ciclo completo tem sentido uma queda na sua receita e consequentemente em seus resultados econômicos, visto que o produto final é produzido integralmente dentro da propriedade e o diferencial deste tipo de atividade são as altas margens e o baixo giro sobre o estoque.  Propriedades de recria e engorda, tendem a não sentir tanto o impacto da queda do preço do produto final, pois a reposição geralmente cai mais que o boi gordo.  Não é incomum que os resultados financeiros na recria e engorda sejam melhores na fase de baixa.

A fase de baixa da pecuária abre oportunidades para investimentos.  Um forte exemplo é aquisição de genética de ponta, tanto matrizes como reprodutores. No ciclo de alta, os valores por vezes são impeditivos para boa parte dos pecuaristas, já no ciclo de baixa é possível substituir gado mediano por animais de ponta com boa relação de troca e alta disponibilidade. A relação de troca de insumos deve ser avaliada neste momento, pois a baixa demanda e o desestimulo pela queda do boi gera oportunidades.  Em 2021 o preço da ton de DAP estava ao redor de R$ 6000,00, ou seja, era preciso 500 kg de boi  para comprar 1 ton. Hoje o preço da ton do DAP está ao redor R$ 2800,00 e precisamos de 315 kg de boi para comprar 1 ton. 

Acredito que na fase de baixa devemos concentrar nossos esforços nos processos básicos que nos possibilitam ‘’surfar’’ da melhor forma o ciclo de alta.  Foco em Gestão!!!  Custa muito pouco saber por onde fluem os recursos e qual impacto cada despesa tem no negócio.   Reduzir custos, por vezes significa aumentar alguma despesa pontual, até porque, 2025 é logo ali!!!